30 de setembro de 2011

A CAIXA DE MUSICA


Ela abriu a velha e empoeirada caixa de musica e uma musica de poucas notas começou a tocar.
Ali havia o depósito de anos de carinho.
Aonde deveria ter uma bailarina girando havia apenas um espelho, era para ela se lembrar do reflexo da criança que vinha retirar todos os dias um pouco de esperança daquela musica calma de melodia aguda.
O tempo não permitiu que ela abrisse aquela caixa durante muito tempo e o que olhava agora era para um rosto triste, cansado e preocupado.
Aonde estava aquela criança que queria tomar o mundo num grande abraço e transformar todo tipo de dor em sorriso?
O tempo rouba nossa juventude e faz apagarmos nosso amor.
Por um momento seu rosto mudou e era como se visse novamente seu rosto de criança. A criança olhou brava para ela, como se esperasse alguma atitude que ainda não havia sido tomada. Ela se desculpou com o espelho, percebeu o que estava perdendo e prometeu mudanças a antigas memórias.
Musica calma que acalenta o coração.
A bailarina de plástico nunca fez falta ali desde que havia sumido, porque a bailarina de verdade era ela mesma, dançando por entre palcos de peças de alegrias e tristezas.
Alegrias que passam rápido demais para que possamos nos agarrar nelas. Diferente das preocupações.
Tristezas que vão se acumulando dentro do peito sufocando os pulmões e atrofiando os passos de sua dança.
Bailarina que nunca mais dançou feliz, não se sabe ao certo porque.
Ah, bailarina feliz, sobra tanta falta de você.


- Vinicius Neves

15 de setembro de 2011

AMOU POR AMAR


Sol sob o mar, estrada sem luz
As estrelas do luar, olhar que seduz
Antes de você, eu não tinha vontade
Hoje quero te ver, ontem foi saudade

Amanhã já nem sei se o dia brilhará
Para um pobre poeta que há de te amar

Sol sob o mar, estrada sem luz
Amou por amar: a canção que compus
Logo o sol deixou de brilhar
Antes do meu amor passar
Era tudo...

Amor que me diz na vida inteira
Flor-de-liz, flechada certeira

Que veio no meu coração.


- Vinicius Neves

13 de setembro de 2011

UM DIA


Um dia eu caí da cama, mas não toquei o chão
Flutuei entre pensamentos em minha própria solidão
Vi um sorriso se abrir totalmente escancarado
Como janela de uma casa em dia ensolarado

O sol brotava de seus cabelos por cima da pele
Tão leve que parecia querer greve sob a cor de neve
O vestido cinza xadrez lhe caía bem
Mas ela fazia o vestido ficar lindo também

Um dia olhei para trás e quis lembrar para onde iria
Andei sozinho por algum tempo, em má companhia
Coloquei placas na minha vida: "proibido estagnar"
Esperando que eu mesmo pudesse respeitar

Decidi então descansar meu sentimento tão cheio de manha
Coração mimado feito criança. Nunca bate, só apanha
A conclusão que cheguei é que tudo isso já faz parte de mim
O inicio de qualquer coisa carrega o perfume de outro fim

E isso por acaso é ruim!?


- Vinicius Neves