Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão…
Eu passarinho!
(Mário Quintana)
Os “Escritos Revolucionários” de Vinícius me comovem. Talvez porque eu sinta que o mundo caminha em direção oposta à cabeça desse menino genial, ou talvez porque eu sinta que não fizeram muitos dele por aí. Temos poucos como ele. Isso eu lamento profundamente.
Quando eu era menor, digo criança- porque menor ainda sou- minha avó falava que revolução era coisa de terrorista, de subversivos, “gentinha sem religião”. Mas eu cresci e conheci o mundo real, saí da caverna na qual minha criação me pôs. Cresci e me rebelei, deixei de ser o que estava fadada a ser. Cultivei o ódio no coração por muito tempo por achar que isso é sinônimo de revolução. Mas a gente cresce e percebe que nem tudo é o que parece ser e que tudo o que é sólido pode derreter. O amor é indispensável.
Conheci Vinícius na minha pré-adolescência e desde aquela época ele já era diferente. E olha que ser diferente nem era ser normal... Ainda! Mas ele era e nem ligava. Aos meus olhos tão cegos, eu enxergava um ser pra lá de paradoxal: ele era doce, gentil, suave, indomável, forte, revolucionário. Pra mim, aquilo era muito incongruente.
Engraçado como as coisas mudam. Eu precisei olhar mais alto, enxergar mais além pra entender Vinícius que desde sempre esta assim: em constante metamorfose. E aqui nesse espaço que encontrou pra nós, ele não poderia ser mais ilustre. O garoto sabe o que fazer, sabe ser inovador, vanguardista, fala de Deus, fala da humanidade, fala do ideal de mundo... E não é paradoxo, é só Vinícius Neves sendo ele, um REVOLUCIONÁRIO.