20 de abril de 2008

O CHÃO NOSSO DE CADA DIA


Olho para o meu povo e os vejo jorrando sangue.
Os olhos de meu povo são enrugados, esbranquiçados e semi-cerrados de cansaço.
As mãos de meu povo são ásperas, devido ao longo tempo da vida dedicada ao trabalho duro.
O estômago de meu povo é vazio, de ganhar pouco; e o pouco que se tem é salafrariamente roubado pelos poderosos.
Os dentes de meu povo são ausentes, pois não há tempo, nem dinheiro, nem ajuda para cuidar deles.
Olho para os poderosos e vejo a ganância, a avareza e a insensibilidade.
Os olhos dos poderosos são cegos, enxergam apenas a si mesmos.
As mãos dos poderosos são fechadas, abrem apenas para tragar mais dinheiro.
O estômago dos poderosos é forrado de carnes nobres e iguarias caras, mas quem paga por tudo isso é o meu povo.
Os dentes dos poderosos estão sempre à mostra, demonstrando toda a falsidade e a hipocrisia que eles exalam.
Enquanto os poderosos se beneficiam de caras ceias, o único gosto que meu povo sente é o sal de suas lágrimas.
Porém, vejo no mundo um novo brilho de esperança, onde a criança que antes era desleixada torna-se compadecida e solidária com as pessoas ao seu redor; e mantém em seu coração um crescente sentimento de preservação ambiental. O trabalhador que antes era ouvinte de cabeça baixa, hoje é um protestante em prol de seus direitos. As pessoas que pensavam apenas em si mesmas estão entrando em extinção, percebo a luz dos novos fatos que tem invadido as brechas do coração e iluminado a escuridão de suas almas.
Quem diria? Todos que pensavam e falavam mal, hoje estão vendo e vivendo o início de uma revolução; o sonho e o desejo secreto do espírito anarquista de cada um.






- Vinicius Neves

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