É saber que lá fora alguém pode estar tocando em seus lábios, dos quais jamais provei sabor.
Poder sentir no doce um intruso gosto de salgado, que é a ferida desse amor.
É tentar aceitar que seu abraço e suas mãos estarão longe de mim para acalmar meus receios, enjaular meus medos e sumir com minhas angústias.
Amor mal curado, necessito de uma cura para o mal desse amor.
Dizem que um amor novo cura um amor antigo, mas isso não aconteceu.
Misturei tantos caminhos nessa estrada, que meu pensamento se perdeu.
Nem na primeira, nem segunda, nem terceira, e começo a desconfiar que nem mil amores serão capazes de solucionar o mistério do aroma desse cabelo que impregnou em minhas narinas, do fenômeno que é a calmaria que repousa em teu sorriso.
Ninguém seria capaz de transformar essa alma atormentada por suas escolhas da vida e a deixar lúcida com suas pendências resolvidas.
As escolhas desse velho coração foram para proteger minha amada, mesmo que isso custasse minha lucidez, minha sobriedade.
Para que eu servisse de escudo para o fio dessa espada, que me ataca todos os dias sob as luzes artificiais dessa cidade.
Derramo-me aos prantos dos choros matinais, vespertinos e noturnos; do sofrimento silencioso que cala minha boca e aparece de relance na tristeza de meus olhos.
Meus sonhos que provavelmente jamais se concretizarão definem um rumo para minha história e para que o amor dê o seu aval:
Carregar todo o peso do mundo até meu corpo sucumbir e levar minha lamentação até o final.
- Vinicius Neves
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