12 de setembro de 2013

IDENTIDADE DE UM PENSAMENTO


Esses dias fui cortar o cabelo no Donizete, um cara muito gente boa, de raiz humilde, muita carga de vida - sempre tento aprender alguma coisa ouvindo ele.

Ele estava lá perguntando:
- Quer que passe a um dos lados e tire em cima com a tesoura?
- Pode ser, Doni.

Conversa vai, conversa vem, ele acabou me falando que acharam na rua do salão um documento de identidade de alguém que ninguém conhecia. Comentei que eu tinha como encontrar a pessoa pelo documento.

Resumindo um pouco a história, achei o telefone do cara e descobri aonde ele trabalhava, era um fast food pertinho de casa. Peguei o carro e fui encontrar o rapaz.

Cheguei no restaurante, pedi para chamarem ele que tinha um documento perdido em mãos para devolver; ele apareceu ainda meio que sem entender direito e quando mostrei o RG dele, ficou feliz da vida e disse que estava doido atrás desse documento.
Logo me despesei com o pensamento de tarefa cumprida e ele me abordou dizendo que se eu quisesse poderia pedir o que quisesse do menu que ele iria providenciar sem nenhum problema ou custo, poderia ser lanche, esfiha, pizza, qualquer coisa.

Agradeci sorrindo e expliquei que não tinha necessidade, que é meu dever como cidadão devolver algo que não é meu, sem precisar de nenhum tipo de recompensa.
E é nisso que acredito: se temos a chance, a oportunidade e as condições de fazer o que é certo, devolver aquilo que não é nosso e ajudar ao próximo, devemos fazer isso. Temos o dever moral de fazer para os outros aquilo que gostaríamos que fizessem por nós. Sei o como é chato, trabalhoso e custoso perder um documento desses.

À partir do momento em que temos uma atitude desse tipo, isso pode se transformar em um exemplo e a pessoa que recebeu essa gentileza passar esse tipo de pensamento adiante, ajudando sempre que puder os outros. É coisa simples, mas é fundamental - e pode mudar o mundo a longo prazo, quem sabe?

Se eu fiquei com vontade de pegar uma pizza grátis? É claro, adoro essa porcaria! Mas se fizesse isso, o valor da minha atitude poderia se perder e a gentileza poderia não ser repassada a terceiros, e é aí um dos lugares em que eu guardo minha fé: de que os frutos de minhas boas atitudes sejam sempre passados adiante.

Para que receber algo físico em troca? Afinal de contas a recompensa por uma verdadeira boa ação será sempre a própria ação em si.


- Vinicius Neves

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