10 de fevereiro de 2014

UM LIVRO VELHO DE OUTRO


Tudo começou quando eu tinha sete ou oito anos de idade
Era um garoto sonhador, sem nem um pouco de maldade
Acreditava no amor e na felicidade
E no trabalho duro pra superar a adversidade

Tinha na estante um livro velho de um outro Vinicius
Com umas formas escritas e uns desenhos bem bonitos
Minha mãe disse que eu aprenderia, mas ainda não era pra minha idade
Mas a paciência ainda não era maior que minha curiosidade

Pedia para que lessem aquele livro para mim
E fui decorando os símbolos do inicio ao fim
Fui o primeiro a ler e escrever na minha sala
Com o lápis na mão, o mundo explode e não me abala

Também desenhava o dia inteiro
Era o artista da turma; dos traços, o primeiro
Nunca fui muito bom em matemática ou geografia
Meu talento estava mesmo na ortografia

A letra sempre foi feia, a riqueza estava no conteúdo
Comecei uma nova história e criei um novo mundo

Um dia a professora pediu uma redação
Tipo uma carta ou uma declaração
Escrevi o que sentia, até meio consonântico
A professora chamou minha mãe e disse que eu era um romântico

Daí em diante veio a música, as crônicas e filosofias
Tudo aglomerado no mesmo espaço, misturado com poesia
As letras mudaram minha perspectiva de realidade
Com elas desenho sentidos e escrevo minhas verdades

É isso que quero fazer até o fim dos meus dias, até o fim do mundo
Em todos os traços e relaxos, um Nobre Vagabundo.


- Vinicius Neves

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