22 de setembro de 2014

UM SEGUNDO



Os dias se arrastam e a tinta de minha caneta passeia pelas folhas espalhadas pelas casa.

Somo os cacoetes de um velho que resmunga de si para si como se fosse uma batalha verbal decisiva em um parlatório.

Eu sou o velho dentro de minha própria cabeça que se enxerga em um espelho vazio de um quarto abandonado em algum lugar muito, mas muito longe daqui.

Os olhos percorrem por onde o sol toca, sentindo um pouco de sua energia; se aproveitando do calor fornecido e da sensação que ele traz.

E num piscar de olhos tudo passa. O sol que te ilumina, as ondas que te empurram, a chuva que você tomou de propósito quando sentiu que podia lavar a alma nem que fosse apenas por um instante.

Em um segundo tudo acontece novamente. Num repentino movimento de pálpebras faz com que os dias se distanciem cada vez mais ao mesmo tempo em que se estendem - como um brincadeira de mal gosto do Criador, um agouro das noites mal dormidas.

Em um segundo a vida nada mais foi que uma simples lembrança no tempo para que fechemos os olhos e o show termine em silencio, sem aplausos e sem perspectivas.

Apenas a certeza de que o fim de tudo traz o perfume de um algum outro começo.


- Vinicius Neves

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