27 de junho de 2015

A RAINHA E SEU TABULEIRO


Sentiu a necessidade de retomar os pensamentos
Mas houve dificuldade em expressar suas vontades e desejos

Perdeu a forma de escrever esse tipo de coisa
Pois a mente sempre maquinava - quase nunca repousa
Talvez então fosse impossível expressar o que inexiste
Porque insiste no erro, e no erro persiste

Afirmando que um sorriso lhe rendeu paz
Da qual talvez não conseguirá escapar jamais
Seria belo, singelo e eterno - se não fosse mentira
Pois este atordoar o faz de alvo para o qual atira

Rir com ela e com ela - notou suas caretas, sustos, palhaçadas
Fez novamente doce a vida, fez valer a pena cada risada
Ouviu sobre defeitos e sobre manias
E na cabeça o pensamento era o de não se importar com nenhum deles enquanto tivesse que tê-los ao lado todos os dias

Novamente a viu aonde os caminhos se encontraram e quis fazer com que eles se tornassem uma encruzilhada sem fim
Colocar mais desse olhar em sua alma; pois lembrava de suas covinhas - que o faziam ter vontade de entender para onde ia, e seguir seus olhos de amendoim

Aguardou teu movimento como as peças de xadrez aguardam os movimentos de um jogo que pode ou não ser ganho
Que deslizam pelo tabuleiro como deslizava os olhos por toda sua extensão e sem acanho
Ele era teu cavaleiro, tua torre, teu bispo, teu rei, teu peão
Se sacrificava pedaço por pedaço para ter a peça mais importante do seu jogo de pé ao invés de guardada em um caixão

Ela era a peça que faltava, era o jogo por inteiro, era o próprio sentido da partida;
Sem ela, para nada serviria o tabuleiro - seria mais um beco sem saída

Até mesmo suas cores não teriam sentido
No final nas contas tudo não passaria de uma perda de tempo
Pois mesmo que esta peça não lhe desse ouvidos
Teria seu valor revelado no merecido momento.


- Vinicius Neves

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