7 de março de 2016
MEU AMIGO GUARDIÃO
Ele foi trabalhar - mesmo sem gostar.
Não era o emprego que sempre quis. Mas contas não respeitam sonhos.
Trabalhou mais que a maioria; no fundo, esperando ser efetivado.
Nos freelances da vida fazia seu caminhar, era o melhor profissional que podia ser - e isso não era pouca coisa.
No acordo original não haviam aquelas horas extras que o chefe o fazia trabalhar. Homem sem escrúpulos e sem o mínimo de humanidade. Só as horas que eram extras, porque o ganho era o mesmo do acordado.
Saiu tarde da noite.
Passou no mercado.
Quis comprar sua cerveja importada favorita, mas lembrou que em casa o leite estava acabando. Acabou levando uma caixa grande com seis semidesnatados.
Antes de chegar à porta de casa, já estava exausto e fedendo a suor.
A porta se abriu e sua esposa o aguardava. Ela havia chegado mais cedo porque o carro havia ficado em suas mãos para que o usasse durante o dia, como sempre.
A condução que ele usou estava cheia de gente trabalhadora como ele; tão próximos, tão apertados que pareciam uma coisa só.
A esposa deu um belo sorriso; o abraçou e beijou sem se importar com o cheiro e o suor.
Ele viu sua filha brincando no chão e ela também o viu e saiu correndo para os seus braços como se não houvesse amanhã.
O aroma de jantar tomava conta da casa inteira. E era como um verdadeiro deleite depois de um dia inteiro comendo na rua.
Ele comeu, tomou banho, e na hora de descansar, brincou com sua filha e assistiu a desenhos repetitivos até ela cair no sono.
Os amigos aguardavam a presença dele no jogo online que ele tanto gostava, mas a família vem primeiro.
Foi dormir tarde, recebendo na cama um caloroso abraço de sua amada que descansava com a cabeça apoiada em cima de seu corpo.
Fechou os olhos ao calcular todo o seu dia até aquele momento e novamente concluiu que aquilo era amor.
- Vinicius Neves
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