11 de setembro de 2017

Crítica: Policia Federal - A lei é para todos.


Na última semana foi a estreia do filme "Policia Federal - a lei é para todos". Título clichê. Apresentação mais ou menos. Cartaz sem criatividade. Divulgação praticamente inexistente.

Ao me deparar com o filme em si, vi um enredo comum do dia a dia de uma força policial como se vê em qualquer programéco em algum canal pago. O dia a dia com casos a serem solucionados, os sentimentos, as interações, e a busca por um criminoso: Alberto Youssef - um doleiro já conhecido por seu envolvimento no famoso esquema do Banestado, responsável pela envio ilegal de 19 bilhões de dólares para fora do país.
Esquema esse que tivera entre os indiciados nomes como Gustavo Franco (presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique Cardoso [PSDB]), ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta (PT) (falecido) e mesmo Samuel Klein - até então dono das Casas Bahia (também já falecido).

A empreitada em busca de um esquema de doleiros - estes, que negociam dólares americanos no mercado paralelo, sem as devidas taxações e burocracias do governo, agora sendo cruzado com um esquema de tráfico de drogas. Não se preocupem, isso não é bem um spoiler. Está no trailer.

Resumindo a ópera, quanto mais a força tarefa da Policia Federal foi puxando a linha do dinheiro, mais nomes iam aparecendo. Nomes influentes de empresários como Marcelo Odebrecht. Doleiros. Traficantes. Juízes. E.... políticos. Como não podia deixar de ser.
Todo o esquema de lavagem de dinheiro que envolvia inclusive postos de gasolina não poderia levar outro nome senão "Operação Lava Jato".
Aí é que a coisa fica interessante: com o tempo, paciência e expertise que somente profissionais bem treinados como os da PF poderiam ser, logo chegam a nomes de grande poder em atuação na política. O que nos leva ao Partido dos Trabalhadores (PT) e ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

O filme é, de forma técnica, bem feito. Boa fotografia, bom enquadramento, diálogos bem equilibrados com inicio, meio e fim. A direção não é algo completamente inovador - e isso é ótimo. Porque a importância de um filmes como esse estão nas informações, sem se tornar maçante.

Agora, de forma prática, pessoal, política, esse filme é o mais corajoso que já deu as caras em nosso país. O roteiro conta de forma clara (e obviamente, resumida) como a investigação chegou a nomes como Luís Inácio "Lula" da Silva e Dilma Rousseff.
Mostra como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST) são utilizados como massa de manobra - influenciado por seus líderes, muito bem pagos por Lula.
Mostra como as pessoas comuns que seguem os partidos de esquerda são manipulados, demonstra claramente a manipulação da mídia para deturpar a operação - fazendo parecer uma perseguição política. Está lá. Preto no branco. Explicado e mastigado a quem quiser entender.
Explica até como o Supremo Tribunal Federal (STF) é quem libera vários processos contra pessoas que tem foro privilegiado como senadores e outro políticos envolvidos. E como foi isso que aconteceu no caso no Banestado.

Pude vivenciar os dois lados das manifestações de 2013 para cá e desde então tenho lido muito a respeito de todo e qualquer tipo de notícia que tenha a ver com o que se sucedeu dali em diante. O filme narra a verdade de forma primorosa e como eu disse: extremamente corajosa. Narra eventos, nomes, partidos, organizações. Sem medo de represálias. Sem medo de serem atacados. Sem medo da feroz violência que tem sido arremetida toda a questão política de nosso país - que para ser completamente honesto, não está do nosso lado. Não está do lado das pessoas comuns. Não importa o político, o partido, a sigla, a organização, o sindicato, a alcunha, o dinheiro, a profissão, a popularidade. Crime é crime. E todo crime carece de sua devida punição.


- Vinicius Neves

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