Assisti nesse fim de semana o novo filme de Danilo Gentilli: Como se tornar o pior aluno da escola. Gosto do trabalho de Gentilli, li o seu livro, e admito que minhas expectativas estavam pequenas.
Porém, ao ver o reboliço de tantos jornais e jornalistas e críticas da galera que se vê como intelectual e arrojada - que depende arte apenas quando parte dela - não pude controlar a imensa curiosidade em assistir a esse filme que já conta com a melhor estréia de filme nacional de comédia.
O filme em si, é uma epopéia em si; traz elementos nostálgicos de filmes consagrados como Curtindo a Vida Adoidado, Clube dos Cinco, American Pie, e muitas outras. Há piadas nacionais, muitas participações especiais como o excelente Rogério Skylab - que faz um professor completamente aloprado, como sempre há de ter em nossa vida escolar.
Moacyr Franco então, faz uma atuação tão genuína que é dificil imaginar que emburrado faxineiro é um galã da jovem guarda na vida real.
Porém, de todas as participações especiais, Carlos Vilagrán, o Quico do programa Chaves - é um show à parte. Seu portunhol e atuação fazem com quem tiremos muitas risadas durante todo o filme, e apesar de ser o vilão, acaba sendo extremamente carismático. Um nome que precisa ser melhor aproveitado por nós, certamente.
Embora muitas críticas estejam falando mal do filme como se fosse o primeiro do gênero no mundo perfeito do politicamente correto, ressalto que não - não é uma novidade. Não é nada muito diferente de filme americanos que assistimos à exaustão como American Pie, Sexy Drive, Todo Mundo em Pânico, e até mesmo Jackass. O filme tem um ar de Sessão da Tarde, com aqueles filmes leves e engraçados sem muita pretensão. Gentilli acertou em cheio isso. Estávamos com saudade desse tipo de obra, e no Brasil paraece que virou crime fazer algo assim. Os apreciadores da "boa arte" vão crucificar, falar que o filme tem que ser censurado, vão tentar banir o filme, fazer campanha contra. Afinal de contas, é muito melhor ver um velhote peladão brincando "marco-polo" com crianças em um museu qualquer dominado por essas pessoas "de bom gosto".
Devo dizer que o filme me trouxe grandes lembranças, e fizeram com que eu simplesmente gargalhasse no cinema. Chorei de tanto rir. Lembrei da minha época de escola, de como eu e meus amigos aprontávamos, e a guerra que era a coordenadora tentar provar que eu era o responsável por aquilo. Foi uma época mágica.
Porém, há uma mensagem no filme que passa quase que despercebido: o nosso sistema de ensino é muito, muito, muito falho. Ele tenta limitar as capacitações dos alunos por um média que inexiste na vida real. Nota 7 em química, algebra, gramática, física, biologia e etc são o que o mundo te pede? É aquilo que vai te capacitar para um bom emprego? É isso que vai te diferenciar no mercado de trabalho? Ou será que a criatividade, ousadia, empenho contam mais?
Também é falado sobre bullyng no filme. Muito dirão que é apologia, que é um incentivo descarado. Acredito que as escolas, educadores e pais deveriam estar muito mais preocupados a ensinar seus alunos/filhos a lidarem com isso do que achar que reprimindo isso irá ajudar em algo. Não irá. Bullyng não acaba só porque vocês querem que acabe. Tentar proteger de algo tão trivial como isso só faz com que esses aspirantes à adultos se tornem frágeis, manipuláveis, e completamente despreparados para o mundo. Quando for a hora de sair do colégio, terão que enfrentar de frente os problemas que a vida irá trazer, e ninguém mais poderá fazer isso além deles mesmos.
O mundo não dá a mínima se seu filho é sensível.
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Felizmente faço parte da turma do fundão que venceu na vida. E posso garantir que a galera que fazia parte disso comigo também está muito bem de vida. Por mais que a vida tenha dado um caminho diferente a nós, tenho orgulho do tempo que passei com eles e do que eles se tornaram hoje..
Como se tornar o pior aluno da escola é um filme corajoso, de uma forma que muitos outros nomes de nosso cinema deveriam se inspirar. É humor "pastelão", é filme de besteirol, é um dos melhores filmes do ano.
Quem for não vai se arrepender.
- Vinicius Neves
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