15 de dezembro de 2014
ALAGOAMENTE
Eis que o lago plácido do qual chamo de mente se atormenta
O que eram águas lisas e mansas se turvam com o chegar do inevitável
Uma gota cai do céu sobre o lago e cria ondas sobre sua superfície
Já não é mais possível ver com nitidez as imagens refletidas nele
Tudo se torna turvo, confuso, oblíquo
O vento sopra forte e as folhas caem no lago
Sempre é Outono, nunca Verão, nem Primavera
O céu acinzentado empurra suas nuvens para um dos cantos como se quisesse mudar a paisagem
As árvores titubeiam e fazem o único barulho que é possível reconhecer
Porém não chove, não garoa, não acontece mais nada
E mesmo assim nada disso cessa, nada disso acaba
É assim que deve ser, foi assim que esse lugar foi estabelecido e até o fim de seus tempos permanecerá assim
É o lugar de descanso em que não tenho sossego, aonde prendo tudo aquilo que pode se libertar sozinho
Parte definitiva de mim.
- Vinicius Neves
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