31 de março de 2015
TRANSCENDENTE PERSONA
Sou um remendo do que fui outrora
Perdido no tempo, na ponta do ponteiro, no meio das horas
Fui um eu que a tempos atrás - não me reconheço mais
Serei um dia, talvez a agonia de alguém atormentado por suas escolhas
Por suas tralhas, por suas decisões demoradamente pensadas e falhas
Mas também por outras improvisadas em maestria
Sou obrigado a conviver com a pena, às vezes até agonia
Transcrevendo meu íntimo para o papel porque ainda é o único remédio que alivia
Rabisco a alma por dentro, a vandalizo com bic e nanquim
Cada linha contendo garranchos ilegíveis que guardo só para mim
Mesmo assumindo a transcrição, a grafia, vá saber pra que é que serve essa tal poesia
Tentar decifrar um pedaço sequer desse enigma, é clamar pela perda de um dia
Cada um com sua complexidade
Transcende o corpo a mente, a idade
Sendo que a certeza é uma mera ilusão
Só o que há presente é a oportunidade
Tendo ciência disso, arrisco meus passos no desconhecido
Ousando dar as mãos para a sorte
Brincando de ciranda com uma dama de rosto coberto
Sem saber se ela é a Vida ou se ela é a Morte
Quem sabe um dia eu possa deitar e contar segredos no travesseiro
Segredos que eu sempre quis contar
Sossegar deleitar, descansar
Quem sabe chegar aos confins do universo, da tranquilidade
Essa que ansiamos durante toda nossa vida sem saber se ela existe de verdade
Firmo então meus pés nessa estrada
Pois essa sempre foi minha morada
A quem encontrar pelo caminho
Saiba que não precisam andar sozinhos
Gentilmente cedo minha mão para segurar
E minhas costas para carregar o seu peso
Abro um sorriso para a fé
Pois essa nunca foi abandonada
Apesar de tudo continua fortalecendo minhas pernas
E fazendo sonhar que um dia vou chegar na paz tão desejada.
- Vinicius Neves
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