25 de junho de 2012

SÃO PAULO


Em São Paulo a garoa vem escorregar do céu
Vem rasgar os rostos assim como se rasgou o véu
Nas escrituras, como também consta nas paredes e nos viadutos
Colorido, preto e branco; onde uma criança pode virar adulto

Entre sorrisos de nervosismo e lágrimas de alegria
Essa cidade rouba nossa juventude mas nos presenteia a cada dia
Nosso espírito é tragado para dentro desse deus pagão
Desmancha rostos únicos para terem a mesma feição

Junto com o crescimento desordenado vem a sujeira em demasia
Falta de sombra nos dias quentes, luzes aos montes nas noites mais frias
Todos querem ser diferentes, mas essa vontade faz com que se tornem iguais
A falta e o excesso de oportunidade faz com que todos sejam rivais

É a maior capital? É sim
Faz a captação de nossos corações, nos deixa mais próximos do fim
É a melhor, afinal? É não
Mesmo assim não conseguimos nos desprender desse chão

A explicação desse vício explica mas não justifica
Aqui nos perdemos em morte, mas ela nos faz encontrarmos em vida
Apesar das descrenças de quem observa nossa labuta
Senta e assiste
Verás que um filho teu não foge a luta.


- Vinicius Neves

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