9 de janeiro de 2010

A GAROTA, A CHUVA, E O MONGE.


A chuva caia, transformou o dia tumultuado da cidade em uma tranquilidade com cheiro de terra molhada.
O peso que havia sobre seus ombros havia sido levado pela águas celestiais que desciam lentamente sobre seu corpo. A chuva acariciava cada pedaço do seu ser, do que havia de ser o seu ser.
Segurou seu vestido e dançou em circulos no meio do caminho, enquanto todos os outros que passavam por ali diziam:
- Louca.
- Louca porque? Como saber o estado de espírito de alguem que não se conhece a história? Os caminhos a qual trouxeram aqui somente ela sabe. Se no momento o que a faz feliz, a faz transformar, a faz se desvincular de qualquer coisa que a prenda ao mundo que ela repudia, porque não o fazer? Por causa dos outros? Por causa do pensamento vão de pessoas que não farão diferença em sua vida? Porque ela se preocuparia com o mundo se ela não é igual aos outros? Se ninguem é igual a ninguem? Você nunca fez isso?
- Só quando criança.
- Lhe garanto que a sua infância foi feliz! Eu fiz o mesmo que ela semana passada, com o direito de me esbaldar em poças da chuva. Naquele momento eu revivi e entendi que este é um dos sinais da liberdade: Fazer o que se quer, sem se preocupar com nada. Todos temos este direito! O que passa disso se transforma em monopolização de poder e de idéias.

A garota, molhada dos pés a cabeça com seu longo vestido colorido se divertia dançando em meio a chuva, com um belo sorriso no rosto e a felicidade de uma criança.
Seus louros cabelos desgrenhados se divertiam de um lado para o outro.
Mas naquele sorriso eu refleti em mim o meu sonho e pensamento de sempre fazer as coisas da forma que sempre quis, transformando cada vez mais o meu ser em tudo aquilo o que eu não sou: Um modelo diferente do protótipo de ser humano que nos impõem.

E ela dançava. Em algum lugar, de algum jeito, do seu próprio jeito, ela ainda deve estar dançando. E sorrindo.

- Vinicius Neves