30 de julho de 2013

VIOLÃO DE CIGANA


Os olhos repousaram no corpo angelical de soneto
Os dedos eram como fitas de seda que balançavam contra o vento
Se movimentava como uma cintura de cigana
Enfeitiçando meus sentidos como a brisa do Outono sobre a rama

Sem duvida que era um corpo de violão
As notas estavam doidas para sair da boca, tocadas por minhas mãos
Doravante sua Regência, Minha Factível Solar Lascívia Sinuosa
Que és música, canto, rima, prosa!

Destoa minha voz em seus ouvidos, pois sou carente de ti
Desboto meus receios pelo desejo ardente que vem de mim
Que os corpos se entrelacem e formem um elo, um emaranhado, um nó
Que de teus lábios eu construa um novo dia, um mundo melhor.


- Vinicius Neves

10 de julho de 2013

ASSIM SOU EU


Quando acredito que não posso te amar mais do que amo
Você me abre um sorriso e me surpreende
Os dias se passam no mais profundo marasmo
Mas quando te vejo, tudo é festa, tudo é carnaval

Você me procura o dia inteiro, e eu sei disso
Sei que quando está no trabalho não vê a hora de me encontrar
Não vê em ninguém mais aquilo que pode encontrar em mim
Assim como você é única e insubstituível para esse poeta

Não vou rimar, não vou enfeitar as palavras, vou apenas sentir

As palavras vem descendo por meus dedos enquanto escrevo isso
Os sentimentos escorrem por entre os gestos e olhares
Tudo enquanto penso em você, sempre vou pensar em você
Não importa quantas vezes nos vemos, sempre sinto saudade

Sobra a falta que tenho dos seus beijos, dos seus abraços de suas juras de amor
Como um adolescente que não espera o próximo dia para viver intensamente
Assim sou eu, sou eu assim pensando em minha amada
Minha imaginação navega, meu corpo ancora, meu coração afunda em ti.


- Vinicius Neves

4 de julho de 2013

UM AMOR MAL CURADO


Um amor mal curado - é isso que me aflige

É saber que lá fora alguém pode estar tocando em seus lábios, dos quais jamais provei sabor.
Poder sentir no doce um intruso gosto de salgado, que é a ferida desse amor.
É tentar aceitar que seu abraço e suas mãos estarão longe de mim para acalmar meus receios, enjaular meus medos e sumir com minhas angústias.

Amor mal curado, necessito de uma cura para o mal desse amor.

Dizem que um amor novo cura um amor antigo, mas isso não aconteceu.
Misturei tantos caminhos nessa estrada, que meu pensamento se perdeu.
Nem na primeira, nem segunda, nem terceira, e começo a desconfiar que nem mil amores serão capazes de solucionar o mistério do aroma desse cabelo que impregnou em minhas narinas, do fenômeno que é a calmaria que repousa em teu sorriso.

Ninguém seria capaz de transformar essa alma atormentada por suas escolhas da vida e a deixar lúcida com suas pendências resolvidas.

As escolhas desse velho coração foram para proteger minha amada, mesmo que isso custasse minha lucidez, minha sobriedade.
Para que eu servisse de escudo para o fio dessa espada, que me ataca todos os dias sob as luzes artificiais dessa cidade.

Derramo-me aos prantos dos choros matinais, vespertinos e noturnos; do sofrimento silencioso que cala minha boca e aparece de relance na tristeza de meus olhos.

Meus sonhos que provavelmente jamais se concretizarão definem um rumo para minha história e para que o amor dê o seu aval:
Carregar todo o peso do mundo até meu corpo sucumbir e levar minha lamentação até o final.


- Vinicius Neves

CORVOS NEGROS


A vida nunca foi bela
E sentado na rua
Queria dizer isso a ela
Enquanto pensava nela nua

Sua pele era branca
Como deveria de ser
Pele corada é pra quem?
Pra quem deseja viver

(Não sei o que aconteceu
E se o erro fosse meu?)

Corvos negros
Abra os selos
Olhe o céu
Tire o véu
Respire fumaça
Nada é de graça
Tudo faz sentido
Não dê ouvidos

(Não sei o que aconteceu
E se o erro fosse meu?)

Velas apagam na janela
Estou comendo carne crua
Não tente ser discreta
Não é obrigação tua

Sua pele era branca
Como deveria de ser
Pele corada é pra quem?
Pra quem deseja viver

(Não sei o que aconteceu
E se o erro fosse meu?)

A mancha de sangue no tapete
Eu tenho fome, eu tenho sede
Só mais um fruto da violência
Chore agora por sua clemencia

Corvos negros
Abra os selos
Olhe o céu
Tire o véu
Respire fumaça
Nada é de graça
Tudo faz sentido
Não dê ouvidos

Corvos negros
Abra os selos
Olhe o céu
Tire o véu
Respire de graça
Tudo é fumaça
Tudo tem ouvidos
Não faz sentido.


- Vinicius Neves