29 de janeiro de 2016

O DESPERTAR AO FECHAR DOS OLHOS



O velho poeta fechou seus olhos e em uma fração de milésimo de segundo sobrevoou por galáxias que explodiam e implodiam em meio a supernovas e buracos negros que não podiam alcançá-lo.

Ele já havia flutuado em pensamento por cima das águas azuis e cálidas dos sete mares, e não pôde evitar decolar do planeta quando chegou a hora de fugir da gravidade que prendia seu corpo no mundo. Era muito grave mesmo permanecer por aqui - ainda.

Seus olhos fumegavam mais que as estrelas colossais das beiradas do universo - e que jamais foram ou serão observadas e imaginadas em toda a história da humanidade.

Seu corpo não era exatamente um corpo. Era tudo. Fazia parte do tudo. Ao mesmo tempo em que não era mais nada.

Quando chegou no recanto de descanso encontrou amores que já esquecera e outros que nunca tinha deixado de lembrar.
Se houvesse lágrimas, elas teriam se tornado relâmpagos fulgurais de um desejo a muito escondido no mais profundo secreto de seu coração.

Observou olhares que esqueceram o medo, e sorrisos que perderam a dor do fingimento.
Encontrou aqueles que guiaram seus passos, iluminaram sua caminhada, incentivaram sua jornada e inspiraram os seus dias.
A paz finalmente aconteceu como o raiar de um novo dia depois da noite mais tenebrosa e tempestuosa.
E a plena felicidade enfim foi finalmente possível.


- Vinicius Neves